quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Discurso

O discurdo em prosa:

      "Caros companheiros de luta" - tentava discursar um homem por sobre um caixote.
       Este nobre homem tinha boas intenções, daquelas que o dito popular declara que o inferno está cheio - deixo-lhes uma curta pergunta: Não seria aqui o tal "inferno"? - Uma infinidade de pessoas passava pela rua durante o seu longo discurso, nenhuma se quer parou para ouvir, mas o homem se mantinha sólido. Um dos passantes sentou-se próximo para descansar e amarrar o cadarço do tênis, quando percebeu que havia um homem gritando, arregalou os olhos para prestar atenção no que o discursante falava. Não eram palavras soltas e sem sentido, para ele tinham firmeza e objetividade, soavam como um despertador logo cedo, o acordando para o que estava acontecendo lá fora e não se notava de dentro do casulo formado por cada indivíduo. As palavras entravam em sua mente e causavam-lhe um turbilhão de pensamentos, que a princípio lhe pareciam absurdos, mas que se conectavam com os daquele desconhecido. O jovem, até então alienado, que andava sempre cabisbaixo aproveitou uma pausa para indagar algumas questões ao homem, este respondeu ao que sabia procurando sempre manter contato com os olhos do jovem para dar continuidade a sinceridade do discurso, que posteriormente daria continuidade. Por fim o homem perguntou o nome do jovem e sua idade, somente a título de curiosidade, no que este respondeu acanhado que tinha apenas 19 anos e seu nome não importava naquele momento, o homem de pouco mais de 45 apertou-lhe a mão num cumprimento de cavalheiros e sorriu dando continuidade ao seu discurso. O jovem seguiu seu rumo.
      Na tarde seguinte passando novamente por ali, acompanhado de alguns amigos, ele parou de novo para amarrar o cadarço do tênis, nesse instante um dos amigos começou a caçoar do homem que estava no mesmo lugar discursando as mesmas palavras de ontem, o jovem lhe interpelou pedindo que não o fizesse pois aquele era um homem de palavra firme e verdadeira, o amigo se calou. Nesta hora o homem sorriu para o jovem que foi cumprimentá-lo, alguns minutos se passaram enquanto conversavam, um de seus amigos aproximou-se a fim de convidá-lo a continuar o trajeto com seus skates, no que o jovem  apresentou-lhe ao homem que sorrindo estendeu-lhe a mão, o rapaz recusou-se a cumprimentá-lo e virou as costas dando um ultimáto ao amigo. O jovem pediu desculpas e antes de se afastar disse que seus amigos são como ele era até ouvir o discurso na tarde anterior, e, agradecendo se despediu. O discrusante nunca mais viu ou teve notícias daquele jovem.
     O homem continuou sua rotina discursando em praças, a cada semana um lugar diferente, sempre lembrava da tarde em que conversou com alguém e se sentiu importante, afinal de contas o seu louco discurso havia mudado alguém, já que o resto - resto este que era ele mesmo - não se importava e não mudaria o seu estado de loucura.



O Discuro em verso:

Mentes descompassadas
Pálpebras dilatadas
Braços cruzados
Lares desfeitos
A compaixão a-ca-bou  se esvaindo
Nações desconsoladas
O planeta pede ajuda
A humaninadade tornou-se desumana
ou sempre foi?
Interrogações atróz
Não existem sentimentos complacentes
Os seres não humanos morreram
Nada escapou
Abelhas procuraram refúgios
Pássaros lugares para construir ninhos
Os existentes foram derrubados
A palavra AMOR perdeu o sentido
Os sentidos se perderam
Não há saída
Apenas entrada
Sem volta e de volta ao que se pode chamar de "'inferno"
Imoral, ilegal, ilibado, inimaginário
Ignorado por longas décadas
e no fim as contas, que levam a dízimas periódicas
Infinitudes parietais
Fim de uma realidade nunca existente
apenas sonhada e esperançada por alguns
Os pobres ingênuos
Loucos
Hoje descontentes de tudo e satisfeitos com o nada
Sem consciência
Sem o "e quem sabe um dia?!"
Sem o isso
O aquilo
O outro
O talvez
Apenas descaso
e não por acaso
resolvem gritar
............
..............................
...................................
...........
............................
...................................
............
.............................
...................................
............
............................
...................................
...............
..........................
....................................
..............
a energia acabou no meio do caminho
e as palavras fugiram como quem tem medo da verdade
e o grito se calou num ultimo suspiro
Sem ultimato
E sem direito algum
Nem mesmo a uma breve resposta.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Um filhete de luz atravessou-me
Iluminei-te
E vagarosamente a surpreendi
Tantas falacias
Os anais foram alterados
Falavamos descompassadamente d'outras coisas
Recitei-te uns poemas
Vislumbravas um toque
Ingênuo, não percebi.


Era o teu sorriso que me fortalecia
Os teus pés que me levavam além
A tua pele que supria minha vontade
Vontade...

Esse teu amor bandido que me iludia
E recusando meu coração você partiu
Partiu meus membros,
Partiu meus sentimentos em um milhão de pedaços
Adoeci e o meu Ser deixou de existir.