...

Só queria que você gostasse
que confiasse
que perdoasse o que deixei de fazer

Queria andar de mãos dadas contigo
que fossemos bons amigos
que houvesse sutileza nas palavras
que na leveza de seus passos me levasse contigo

Só queria que você acreditasse quando digo que te gosto
acreditasse no meu choro
Não se preocupasse com coisas tão fúteis

Queria que fosse mais justa, ainda que sofra,
que não acusasse, mas perguntasse antes de apontar
que fosse menos agressivo

Só queria que não me julgasse pelo que os outros dizem
que minhocas não se nutrissem em sua mente

Só queria que me deixasse gostar de você do meu jeito, ainda que torto

Só queria que se alegrasse com meu riso
e não sofresse com minha solidão

Só queria te abraçar sem medo
sem culpa de ofender
sem errar
sem vergonha

Só queria que respeitasse o meu jeito
e não tentasse desentortar essa árvore infrutífera que sou

Só queria que não se aborrecesse
que fosse menos autoritária
menos ditatorial
e confiasse com os dois pés no mesmo lugar
queria deixar de querer tantas coisas a seu respeito


Só queria te ganhar de novo
queria te resguardar só pra mim
longe das más línguas
e da rede social que deturba imagens
mas você é real demais
e isso me entristece.

O que vejo através das janelas que me cercam
Pergunto-me quase que constantemente se ela me cerca protegendo-me ou me isolando de um mundo de possibilidades?

O que vejo através das janelas vai além do entendimento, não ha palavras que expliquem o que sinto.
Do alto do 5° andar vislumbro a copa das árvores, algumas centenárias
Sou parte delas
Elas são meu todo.

Enquanto as pessoas passam por mim sem entender os pequenos esboços de sorrisos (felicidade), nem percebem o que há do lado de fora daquela janela.

Os skatistas aproveitam os espaços,
a praça,
as rampas,
os degraus
e entre saltos e quedas o mesmo sorriso alto dos que vislumbram tamanha liberdade desafiante.

Distraio-me com o avião que perpassa em altura de pouso
sinto-me preso às convenções,
só esperando as horas passarem para poder me juntar as  imagens que observava por aquela janela.
Passar de espectador, a mais um personagem dessa liberdade desafiadora.

Rosa

Cachos artificialmente dourados
Tatuagem em três tons sob uma pele de apenas um (o que me encanta)
Dourado
de Sol
de Mar
Natural.

O vestido preto que te envolvia me causava inveja
Tamanha minha vontade de você
de mãos dadas com desejos devaneantes
Vislumbrava tua beleza ao som de Janis,
crendo plenamente ser real e possível o enlace.

Os óculos escuros que protegiam seus olhos os impediam de encontrar os meus
Ah, rosa dourada
Virtuosa
de beleza sutil e natureza educada
Desejo-te calado.

Gritei seu nome: "Rooooooooooooosaaaaa"
E de repente a bateria do MP3 descarregou e me despertou a uma insólita realidade
sua imagem, gestos e tudo mais não passaram de miragens, um sonho, talvez.

Para ser diferente

Para ser diferente  pintei as unhas das mãos de rosa,
as dos pés de laranja
e os cabelos de vermelho.

Para ser diferente pintei todo o quarto de preto
mudei os móveis
deixei de ouvir seus conselhos.

Para ser diferente fiz as sombancelhas e usei maquiagem pesada
salto alto(quase cai)
saia justa(senti-me nua).

Para ser diferente deixei de escrever
deixei de ler
passei a ter
deixei de ser.

Fome de sossego,
de paz,
de silêncio.
Fome demais e alimento de menos.