a muito esquecida
uma voz que grita sem ser ouvida
lá de cima do morro
nas periferias
culpabilizada sendo ela a vítima
do capitalismo
do sistema
aquele mesmo que as escravizou
violentou e matou companheiros, filhos
que dizimou comunidades indígenas
que apagou suas histórias
e sufocou seus ritos
que segregou sua família
o mesmo que consome seus corpos como fossem donos
nascer e crescer mulher no Brasil até hoje (séc.XXI) é terrível.
resultado de escravização e estupros de mulheres negras
não gosto de pensar que a geração da qual faço parte existe "miscigenada" com tamanha brutalidade
não gosto de pensar que sou parte do resultado de tanta crueldade
não gosto de pensar nos fatos que culminaram em tanta miséia
não sofro calada
não abaixo a cabeça pra ninguém, menos ou mais melanilado que eu
não gosto de pensar
às vezes sonho, são como memórias enraizadas na minha carne parda.
o resultado da escravização e estupros de mulheres negras
muitos de nós
tantos de nós que não se veem enquanto parte disso
e os que romantizam a miscigenação, tenho gana de chacoalhar a cabeça
será que assim a verdade lhes aparecerá e tomará conta de sua consciência?!
não gosto de pensar nos fatos,
busco relatos.
e essa história de estar longe se der frágil, mulher preta é forte, não, não é
somos múltiplas, frágeis também
ainda que as circunstâncias as tenham levado a serem fortes,
se organizar pra sobreviver era a pauta mor na luta pela dignidade das pessoas pretas
sempre foi uma questão de se manter vivo.
ninguém que foi raptado, aprisionado e trazido pra essa terra veio feliz,
suas histórias
e famílias
seus pertences
seus idiomas
ficaram pra trás
muito se perdeu
tudo que foi possível mantivemos
a fé
a musicalidade
a culinária
a oralidade
o respeito aos mais velhos
...
e a
cada relato lido lágrimas de revolta me escorrem
se você não liga para o que aconteceu
e que tem cada vez mais assassinado pessoas pretas você não entende nada
e provavelmente você é sim umas pessoa racista.
Obs: poema não terminado, porque a nossa luta é diária, para algumas desde antes de seu nascimento físico.
não gosto de pensar nos fatos que culminaram em tanta miséia
não sofro calada
não abaixo a cabeça pra ninguém, menos ou mais melanilado que eu
não gosto de pensar
às vezes sonho, são como memórias enraizadas na minha carne parda.
o resultado da escravização e estupros de mulheres negras
muitos de nós
tantos de nós que não se veem enquanto parte disso
e os que romantizam a miscigenação, tenho gana de chacoalhar a cabeça
será que assim a verdade lhes aparecerá e tomará conta de sua consciência?!
não gosto de pensar nos fatos,
busco relatos.
e essa história de estar longe se der frágil, mulher preta é forte, não, não é
somos múltiplas, frágeis também
ainda que as circunstâncias as tenham levado a serem fortes,
se organizar pra sobreviver era a pauta mor na luta pela dignidade das pessoas pretas
sempre foi uma questão de se manter vivo.
ninguém que foi raptado, aprisionado e trazido pra essa terra veio feliz,
suas histórias
e famílias
seus pertences
seus idiomas
ficaram pra trás
muito se perdeu
tudo que foi possível mantivemos
a fé
a musicalidade
a culinária
a oralidade
o respeito aos mais velhos
...
e a
cada relato lido lágrimas de revolta me escorrem
se você não liga para o que aconteceu
e que tem cada vez mais assassinado pessoas pretas você não entende nada
e provavelmente você é sim umas pessoa racista.
Obs: poema não terminado, porque a nossa luta é diária, para algumas desde antes de seu nascimento físico.