terça-feira, 31 de julho de 2012

Sob a égide do esquecimento

Abstrato, abismado, sismado, inanimado...
Seria ele filho de alguma terra
ou de terra alguma?
Nascera da argila
em meio à figueiras recequidas
num sertão poético de Deus dará...

As tuas lamurias se fazem nítidas
o som é terrivelmente assustador
tem-se os pés ainda fincados neste chão
chão de terra batida
pisada e amassada por inúmeros pés
pés de retirantes cansados...
de fome, da seca ... cheios de esperança

Esperança nascida a léguas de distância
sentidos guiados por ela
Noites passadas em claro
n'amplidão do sertão.

Poesia era o que o garoto feito de barro mais sentia
teus versos eram ingênuos,
teu canto sereno
tua alma vadia, embora fosse um anjo.

Anjo desconexo
torto por fora
cansado por dentro
Desconectado e poeticamente desconhecido
dessa terra madrasta, mãe cruel.



sexta-feira, 27 de julho de 2012

De todas as artes, que já tive o prazer de experimentar, a mais complicada é o desapego,
quanto mais o exercito, mais próxima de você me sinto, me vejo... estou!!
Altas horas da madruga, tarolando sentimentos,
enquanto você dorme sonhando comigo...
Fico aqui, acordado.

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Sem chances


Ainda que fotografasse uma árvore em cada lugar que passasse,
mesmo que revelasse cada fotografia esquecida no fundo daquele baú,
não conseguiria reconstruir o jardim ressequido de meus sonhos infantis.

Ainda que retornasse a tenra idade,
o tamanho de tua ingenuidade
e se as folhas resistissem a passagem desse tempo.

Ainda assim não seria o suficiente
O fim se aproximou,
agora, infelizmente, somos adultos.

Jamais retornarei  a árvore que um dia deixei de ser.
Reincarnei pela última vez,
sem chances e inutilmente humano.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

De volta a casa.

Qual a sensação de voltar para casa?
A paisagem é conhecida
os morros,
o verde árvore,
Céu sempre num azul claro a se destacar
e o sol tentando se mostrar por entre nuvens.

Seus primeiros raios tocam minha pele, ainda sedenta de calor.

Rostos desconhecidos (tão semelhantes)
Quando se é adolescente é tudo tão naturalmente - esquisito - e aquele lugar por onde quase todos os fins de tarde passei, não é mais o mesmo.
O jeito de falar (gírias, manias)
As expressões corporais (despojadas demais)
Nada me impressiona mais que este sotaque (ainda que digam não ter)
Cigarros entre os dedos que vão até a boca e...
enquanto a fumaça sobe a identidade se faz nítida.

De forma instintivamente visceral as tribos, os grupos se encontram e se misturam num escárnio desconsertante
Enquanto a noite chega de mancinho deixo de observa-los
e sigo vagarosamente o caminho oposto.
É, estou de volta a esse lugar desconhecido.