quinta-feira, 22 de julho de 2021

 perder você foi foda
foi como perder um pedaço de mim
é uma perda sem volta

olhar pra dentro tem sido um choque
mas não paralisei
segui em experimentação
de mim
sobre mim
por mim
nas instâncias
do perdoar
ser gentil
acolher-me
deixar ir à rebeldia
e no tocante dos dias
o tempo foi
e eu fui também
aprendendo em mim sobre mim
o novo nessa carcaça
envelheendo sem endurecer

perder você foi foda
e olhando para aquela pequena parte de ti que vejo no espelho
fez e faz de mim outra
ao mesmo tempo em que assusta
arrepio
com os (teus) olhos d'água
suspiro aliviada todas as manhãs
despertar acordada
sendo poeira cósmica
encarnando
a poética de parte do teu DNA
que não só faz de mim única
e qualquer semelhança contigo já não me dói mais

sim, doeu por muito
e a pouco ressignifiquei
sem perder à essência
tua
minha
nossa
memórias quase não há
escondi tão bem de mim
que procurando os arquivos
soltei a mão às realidades
e racionalizei existências
os sentires

perder você foi foda
nestes 22 anos faço ver quem sou tendo parte de ti em mim
Gratidão por partilhar comigo teu amor, teu DNA,
teu pulsar materno.


registros afetivos