sexta-feira, 10 de setembro de 2021

conheci um lugar cujo slogan era "comida que abraça"
e nós
a mais de um ano sem abraços
tensão
pandemia
restrições
cuidados

atrasos bem vindos
sexta-feira um breve encontro
carregado de emoções
alguns segundos num abraço
nenhuma palavra além de "que bom que me atrasei hoje"
é saudade o nome disso, pensei
e ela disse:
"abraço apertado que desaperta o peito"


registros afetivos


terça-feira, 10 de agosto de 2021

não sonhava

tinha pesadelos

e vivia no automático

era  como uma máquina humana produzindo bens de consumo para outros humanos máquinas

era artista

ou poeta

ativista de internet

do tipo perfeccionista

por vezes altruísta

e não achava isso algo ruim

e por quê seria?

 

era turista dentro de si

queria era turistar a vida como fosse oásis

era poeira

não a cósmica

a cármica, talvez.

 

registros afetivos.

quinta-feira, 22 de julho de 2021

 perder você foi foda
foi como perder um pedaço de mim
é uma perda sem volta

olhar pra dentro tem sido um choque
mas não paralisei
segui em experimentação
de mim
sobre mim
por mim
nas instâncias
do perdoar
ser gentil
acolher-me
deixar ir à rebeldia
e no tocante dos dias
o tempo foi
e eu fui também
aprendendo em mim sobre mim
o novo nessa carcaça
envelheendo sem endurecer

perder você foi foda
e olhando para aquela pequena parte de ti que vejo no espelho
fez e faz de mim outra
ao mesmo tempo em que assusta
arrepio
com os (teus) olhos d'água
suspiro aliviada todas as manhãs
despertar acordada
sendo poeira cósmica
encarnando
a poética de parte do teu DNA
que não só faz de mim única
e qualquer semelhança contigo já não me dói mais

sim, doeu por muito
e a pouco ressignifiquei
sem perder à essência
tua
minha
nossa
memórias quase não há
escondi tão bem de mim
que procurando os arquivos
soltei a mão às realidades
e racionalizei existências
os sentires

perder você foi foda
nestes 22 anos faço ver quem sou tendo parte de ti em mim
Gratidão por partilhar comigo teu amor, teu DNA,
teu pulsar materno.


registros afetivos


terça-feira, 8 de junho de 2021

ser orgástico

sem a necessidade da fisicalidade,

estado de prazer supremo,

o gozo do existir

do coexistir

se fazendo

(re)fazendo-se

na mesma pele

outra persona

o lembrete que a essência não muda

lidar com os ruídos internos

no silêncio: sabedoria

novas conexões neurais

o desafio de reexistir diariamente.


terça-feira, 25 de maio de 2021

findo histórias em escala cinza

inicio outras colorindo as páginas.

entre obviedades

práticas estéticas do existir único,

a di-fe-ren-to-na

fico com a poética 

do viver o presente.

piegas, talvez

não ligo.

terça-feira, 16 de março de 2021

Sexo é sobre prazer

mútuo

possíveis orgasmos
Sexo é sem dúvidas algo sobre o qual ela tinha certeza que sabia muito a respeito
imaturidade Sexo não é só sobre ter prazer estímulos sensoriais manter a cabeça no lugar
é entrega sexo é sobre se despir sentir-se segura sobre parceria e pode ser também
parte do amor É sobre ser inteira tocando e sendo tocada por inteiro Sexo é sobre conhecer o outro ser permitir que o outro lhe conheça
comunicar-se sem uso de palavras faladas
é fluidez
e
conexão.

Registros afetivos.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

Ei, olha pra mim
não chora
assume que ama
que me ama
que se ama



Ei, mulher

se olha agora 

seca as lágrimas e se encara de frente 

assume que ama

que se ama

que a ama


peraí, jovem 

não foge

volte aqui e fala

que

me 

ama 

fora do quarto

além da cama



é chegada a hora de despir-se

calma aí, 

as roupas não 

mantenha a calcinha no lugar 

e as mãos no meu rosto

gosto

da nossa trepada

mas...

não é isso

quero que me olhe profundamente 

ouça com os ouvidos d'alma

"Eu

 te

amo"

e me leve a sério 

assume

não some de novo 

isso aqui não é um jogo de palavras soltas


Você é livre para escolher,

inclusive, permanecer aqui

permita-se 

receber 

A

M

O

R

A

M

O

R

A

.


Registros afetivos.