sexta-feira, 28 de dezembro de 2012


Sinto fome,
frio,
sede,
calor
Sinto você,
os outros,
o nós,
a energia que circunda,
que circula e me invade
Sinto e partilho
Sinto apenas
e sinto FELIZ.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

http://media.tumblr.com/tumblr_l8in6bU9jH1qcyuhb.jpg


Ela ousa dizer que é igual às outras menininhas, isso poque ainda não sabe que é um tanto diferente. Às vezes se perde no fluxo da própria imaginação e desloca-se em direção ao que é tido como natural e normal entre as demais meninas, contudo, as coisas lhe parecem a todo tempo solicitar atenção. Ela não deseja muito, quer apenas dar conta do recado. Sonhar acordada é uma característica sua, não se entristece facilmente, gosta de regar as flores do jardim, alimentar e limpar a sujeira do cãozinho, prefere observar as estrelas e brindar com suco de laranja. Fica parada diante da janela para ver o sol sempre que amanhece. A noite ela conta histórias para o bebêsinho dormir, mas o bebê mantem-se acordado, de teimoso que é. Sempre acorda afoita para colaborar com as tarefas de casa, no entanto, é brecada pela mãe porque ainda é muito pequenina, mas consegue ajudar a fazer o irmãozinho a comer todo alimento, e, sente-se feliz por ser útil em alguma coisa.
   Quase nada a faz chorar, tudo a faz sorrir. O seu prazer está nas pequenas coisas. E se pergunta: "_ Será que os adultos são felizes, sempre correndo pra lá e pra cá e se queixando de quase tudo? Será que eu serei assim quando for adulta? " Sabia que as suas indagações só teriam respostas quando crescesse e para não as perder, escreveu todas num caderno e o guardou num velho baú no sótão.
E se me perguntassem o que é lamentável, responderia que é a rotina do dia-a-dia que nos mantem distantes, porém conectados via web.  Saudades do que ainda nem vi.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Até que ponto é amor?

Um homem segurando um filhote de cão puxa sua coleira com violência para que o pequenino não consiga se soltar... este por sua vez parece faminto.
Observavamos tudo da mesa onde estávamos, a poucos metros (não conseguiamos tirar os olhos deles)
O homem se levanta em direção ao banheiro e deixa o cãozinho nas mãos de um amigo, no chão um copo com cerveja, com muita sede o cão toma daquele líquido impuro. Uma minha amiga se levanta e segue em direção a mesa onde estavam as pessoas junto ao cão, ela fala algo no ouvido do homem e a mulher ao lado retruca: "foi o dono quem deixou, fale com ele, não temos nada com isso." Ela retorna a sua mesa e indignada reclama sem parar: "pobre cãozinho, temos de tirá-lo daquele homem." O 'dono' volta do banheiro todo sorridente e pega o copo no chão levando-o até a boca, minha amiga se levanta para falar com ele sobre o ocorrido, o homem sorri e lhe responde que o cão come da comida dele no mesmo prato e que tudo que ele faz o cão também faz. Ela volta pra mesa muito chateada e triste por não poder fazer nada pelo pequenino. O homem vem até nós e lhe explica que seus filhos cresceram, sua mulher faz plantão e nunca para em casa, por isso ele arranjou um cãozinho para fazer-lhe companhia. Não me contenho e pergunto se o homem não gostaria de me dar o cão, minha amiga ainda exclama: "ela se apaixonou pelo cãozinho, dê pra ela!" Ele simplesmente responde que o cão é a cara do dono e que eu deveria me apaixonar por ele, sem sexo, sem intenções carnais... mantenho-me calada e aperto sua mão, num gesto de quem entende o que é se sentir sozinho. Pagamos a conta, levantamo-nos e atravessamos a rua, olho pra trás e vejo o homem com o cãozinho no colo dançando e gritando: "Lion, você é o meu grande amor!!"

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

O (re) nascer ou não de um poema

O travesseiro subitamente amanhece no chão,
manhãs de segunda, pós feriado são assim, só há um sentimento - preguiça
E somente quando acordei foi que  pude resgatá-lo
Ledo engano,
o resgate em questão é de um poema sonhado enquanto dormia.
Levanto apressadamente,
pego papel e caneta, mas ele não vem
corro para o banheiro,
retiro as roupas,
tomo banho
água quente para lembrar,
no fechar e abrir do chuveiro as palavras começam a surgir de forma de-sor-de-na-da
E no respingar das gotículas de água de meus cabelos
elas se fazem mais nítidas
conotativas, denotativas, mas sem objetivo.

Termino o banho,
seco-me, visto-me,
volto ao quarto às 7h15 da manhã para rabiscar tais palavras soltas de mim
e registrar o que não me pertencia.
A caneta e o papel esperavam-me sorridentes, seriam usados para um bom fim.
A fruição poética se inicia singelamente ingênua
Os latidos de carência do cão vizinho...
Uma sequência desconexa,
placebo,
motorheard,
motor reação,
bateria cadenciada,
mão desarmada
homem de-sal-ma-do
invejoso, solitário
abusivo e indigno de perdão.

Na vigência dos sonhos, calcei os sapatos
guardei o papel e a caneta na bolsa na tentativa de restabelecer os sentidos,
reequilibrar a pulsação,
sai de casa fechando a porta com a chave,
mas sem previsão de retorno
algo lá fora tinha urgência de começar, era o 1º  dia do mês
não se pudia parar os inventos
as conexões
mesmo as mais desconexas
e o poema simplesmente sumiu com o papel, a caneta e as canções.



quarta-feira, 17 de outubro de 2012

O enfrentamento do cotidiano, por vezes, nos torna frios e dadas as circunstancias sem atitude. Punimo-nos diariamente ao deixarmos de sorrir, ao tentarmos regular, modular, estabelecer, programar cada segundo passado na correria dos dias. A tentativa de modulação atemporal ultrapassa o entendimento. O cotidiano mecaniza o humano, desumaniza os feitos e a necessidade de castigar persiste. Os afetos, os sentidos mais puros congelam, a paz de espírito se perde completamente.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Mundo online... estamos completamente expostos
...
Ah, estou pessimista hoje
isso não é nada bom (ego machucado)
...
por favor, senhor engravatado
deixe-me sonhar com a positividade.
e voltar ao lado bom (se é que ele realmente existe).

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Rebelde? Herói? Metaleiro?



















Fones no ouvindo
ele cruza a cidade
Skate nos pés
é o seu melhor transporte
Que transporta, se trans e anti transgênico
Alimento d'alma de um viajante sem hora pra voltar.

O metal é pesado
A mica ilumina seu trajeto
entre buracos e entregas
Ele se transforma nos acordes mais densos
Seu destino é incerto e o que ele pensa é insensato
E quem se importa?

Descer escadas é um desafio,
Driblar barreras uma brincadeira de menino aparentemete rebelde
não quer mais nada
desafia a gravidade
desafia a estrada
desafia seus tímpanos

O som que sai dos fones move seus pés com mais agilidade
Cair do skate é moleza
e só risos
Ser diferente não é uma questão
é apenas o que ele é,
em meio a tantos caras normaizinhos, legaizinhos
que burlam as regras para serem descolados
e os que tem grana, que matam no transito e pagam uma fiança.

Não pixa muros, monumentos ou rouba carros
Herói sem capa nem poderes,
herói do cotidiano,
sem garras ou outras vidas,
sem companheiros, sem liga, sem justiça...
Apenas um jovem (metaleiro) brasileiro.







terça-feira, 11 de setembro de 2012

Es-mo-la

O menino estende uma das mãos,
O homem bem vestido lhe dá uma esmola.
Sempre foi assim, 
não só naquela noite,
mas na tarde,
nos dias
e anos que antecederam...
O consolo do engravatado era "ajudar" com es-mo-la
fosse um adulto e mesmo um pequeno 'pobre' menino,
menino este que não era qualquer um,
nem um pedinte,
era um pedaço do futuro daquele país.


 Citação: "O Iraque é aqui. Pior que isso aqui que a gente está vivendo é saber que o poder pode poder." (Jorge Aragão)

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Sem nome

Chamo-me Taty Alcântara, nome de batismo, usual, com-um e que se desfaz em moléculas invisíveis. Prefiro a Flor, que mesmo de Plástico é mais presente em seus tenros lábios e não precisa de elogios para continuar, nem regras para mantê-la de pé. Eita, sociedade assassina de nomes de tantos. Somos números de CPF, título de eleitor(humanizados em época de eleição) e identidades quase que inexistentes.
"Nós nos destruímos e destruímos tudo ao redor. Mal acostumamos nossos filhos e netos, domesticamos uns aos outros e os animais. Prendemos aves em gaiolas e depenamos tantas outras pra saciar nosso conceito equivocado de fome; Erotizamos a infância, estimulando a sexualidade precoce; Premiamos a banalização do Ser, das escolhas, eventualmente não tolerando as que diferem das nossas." (Guilherme Azevedo, "Sozinhos em bando" Maio 2012. http://oficialguiazevedo.blogspot.com.br/)
E não desmerecendo o que já fizemos de bom, deixo a seguinte pergunta: Como mudar sem ser mutante(humano) destruidor e vazio?
Há coisas que não necessitam explicações... sentimentos são assim, existem para serem sentidos e não explicados, porque se os explicamos perdem a escência.

domingo, 5 de agosto de 2012

Mistura

Quando os teus lábios tocarem os meus
e esse teu sorriso sacana invadir meus ouvidos
em tardes de domingo...
ah, se eu te dominasse, nem sei.

Em noites nebulosas
quando a lua se esconde de mim
você não aparece em meus sonhos...
sua existência some completamente como se nunca tivesse existido.

Mistura indecente de sabores...
as cores desse inverno
aproximam-te de mim
devagar, divagando (entre linhas) e alucinando.

Ah, se essa mistura fosse menos visceral
Não te sentirias tão perto
ainda que esteja longe num misto de sonho e vontade.
Vontade que vem (fugaz) e não passa.

terça-feira, 31 de julho de 2012

Sob a égide do esquecimento

Abstrato, abismado, sismado, inanimado...
Seria ele filho de alguma terra
ou de terra alguma?
Nascera da argila
em meio à figueiras recequidas
num sertão poético de Deus dará...

As tuas lamurias se fazem nítidas
o som é terrivelmente assustador
tem-se os pés ainda fincados neste chão
chão de terra batida
pisada e amassada por inúmeros pés
pés de retirantes cansados...
de fome, da seca ... cheios de esperança

Esperança nascida a léguas de distância
sentidos guiados por ela
Noites passadas em claro
n'amplidão do sertão.

Poesia era o que o garoto feito de barro mais sentia
teus versos eram ingênuos,
teu canto sereno
tua alma vadia, embora fosse um anjo.

Anjo desconexo
torto por fora
cansado por dentro
Desconectado e poeticamente desconhecido
dessa terra madrasta, mãe cruel.



sexta-feira, 27 de julho de 2012

De todas as artes, que já tive o prazer de experimentar, a mais complicada é o desapego,
quanto mais o exercito, mais próxima de você me sinto, me vejo... estou!!
Altas horas da madruga, tarolando sentimentos,
enquanto você dorme sonhando comigo...
Fico aqui, acordado.

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Sem chances


Ainda que fotografasse uma árvore em cada lugar que passasse,
mesmo que revelasse cada fotografia esquecida no fundo daquele baú,
não conseguiria reconstruir o jardim ressequido de meus sonhos infantis.

Ainda que retornasse a tenra idade,
o tamanho de tua ingenuidade
e se as folhas resistissem a passagem desse tempo.

Ainda assim não seria o suficiente
O fim se aproximou,
agora, infelizmente, somos adultos.

Jamais retornarei  a árvore que um dia deixei de ser.
Reincarnei pela última vez,
sem chances e inutilmente humano.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

De volta a casa.

Qual a sensação de voltar para casa?
A paisagem é conhecida
os morros,
o verde árvore,
Céu sempre num azul claro a se destacar
e o sol tentando se mostrar por entre nuvens.

Seus primeiros raios tocam minha pele, ainda sedenta de calor.

Rostos desconhecidos (tão semelhantes)
Quando se é adolescente é tudo tão naturalmente - esquisito - e aquele lugar por onde quase todos os fins de tarde passei, não é mais o mesmo.
O jeito de falar (gírias, manias)
As expressões corporais (despojadas demais)
Nada me impressiona mais que este sotaque (ainda que digam não ter)
Cigarros entre os dedos que vão até a boca e...
enquanto a fumaça sobe a identidade se faz nítida.

De forma instintivamente visceral as tribos, os grupos se encontram e se misturam num escárnio desconsertante
Enquanto a noite chega de mancinho deixo de observa-los
e sigo vagarosamente o caminho oposto.
É, estou de volta a esse lugar desconhecido.


sexta-feira, 22 de junho de 2012

O garoto

O garoto nada maroto,
sentado com as pernas cruzadas
entre uma parede e o vazio de  um desenvolvimento prometido
e ainda não cumprido.
Solitário,
descalço,
de ollhos assustados
implorava em silêncio
O SOCORRO!

O garoto no alto de seus 11 anos, não mais que isso,
usava uma jaqueta verde e um short marrom...
Seus olhos negros como a noite suplicavam por Cuidado,
Carinho,
Afago,
Amizade,
Zelo,
Amor
e EDUCAÇÃO digna.

O garoto hoje
sou eu
é você
...
O garoto ainda espera algum...
Espera  oportunidade,
mais que um teto ou uma cama quente
O garoto quer que você ACORDE
...
"Oh, pátria amada
idolatrada,
salve, salve"

Salve-nos
Dizia silenciosamente o garoto.
E a pátria tão amada era...
La-men-ta-vel-mente
cega e surda.

domingo, 17 de junho de 2012

Árvore

Árvore que de longe avisto
no crepusculo da noite
diante do meu vazio.
Na companhia de nuvens que insistiam em esconder a doce lua
lua dos meus sonhos
árvore dos meus encontros.

Escondida por entre os muros,
vívida dentre pessoas embriagadas,
ao som de uma noite de festa.

A brisa leve move tuas folhas,
tuas ramificações me acolhem
Teu jeito calado
que contempla todo o entorno
e não questiona.
Vida,
Transformações,
luz da noite
paz do campo de batalha
aconchego em noite solitária.

Canção sem melodia
Ruidez em silêncio
Movimento em inérsia
Guerra e paz
Infinitas possibilidades
verde vida
Florescer
amarelo amarronzado
fim de fase.

Um tom mais claro depois do outono
apenas galhos
onde não se percebe vida,
renascer verde claro
verde vida
verde tudo que me prende
imploro, solte-me
replicas:_ não vá, tenho algo a lhe dizer
Parte de mim está em você
Sinto, precinto
mas finjo não saber e sigo
Perdoe-me árvore, por não saber o que queres me dizer
Ar que me impulsa,
ar que me renova,
expulsa,
revigora
e melhora a cada dia.


Valorize o que está fora de você, ainda que lhe pareça inanimado.
Reflita e siga, mas faça por merecer.




domingo, 3 de junho de 2012

Flor artificial

Recebi uma flor branca
flor de papel branco
mas não era qualquer papel,
era um guardanapo de uma pensão,
feito a quilômetors de distância de mim.

A emoção foi tão grande quando a toquei que não resisti e a levei ao nariz para sentir o seu doce aroma
como guardanapo não tem cheiro senti-me uma tonta
Tonta de saudades,
abracei-te sem graça e mansamente lhe agradeci com um beijo no queixo
e o carinho nas mãos
era ela, a flor artificial que me dera.

sábado, 2 de junho de 2012

Numa noite dessas a chuva lavou minh'alma
noite pouco estrelada
e alagou o meu mundo interior
quando o meu coração chorou
por saudades dela
que partiu sem explicar-me o porque
Se foi deixando apenas essa saudade
Minh'alma alaga-se de lágrimas em noites tórridas como essa
sem lua, estrelas  e você.

MAYRINK, Claudia
SANTOS, Maria Claudia

Colaboração: Flor de Plástico

terça-feira, 29 de maio de 2012

O nascimento do teu suicídio

     Pela primeira vez pensei em você de maneira diferente. Não aconteceu casamento a força e se quer existiu paixão. Em que lugar você se encontraria hoje? Numa esquina encruzilhada, na roda do destino, em que a vida sopra alta e os rumores da piedade te fazem titubiar. Não tenho lição pra lhe dar ou algo a lhe ensinar, nem peço perdão por assim ter pensado. Aquele hálito forte de café dissimulava o odor fétido de minha saída para este infame mundo.
    A inexistencia era o limite, mas você covardemente desistiu e teimosamente prosseguiu p'rum caminho tortuoso e sem volta que a levaria direto a um triste  fim. E quando 20 anos depois tu tivesses cumprido pequena e ínfima parte te tua missão o teu fim chegaria, algo romperia o laço traçado no momento em que decidiu segurar no ventre um pequenino ser, ainda inconsciente de tudo que ouviria e veria tu passar... hoje 15 anos depois discorda plenamente de ti e ainda assim agradece a misericórida - se assim pode chamar - e o afeto que teve mesmo sem saber onde isso a levaria e sem se peroculpar com a opiniao alheia só esperas sinceramente que tenha valido a pena não suicidar-se por você.

sábado, 19 de maio de 2012

Cores

Uma mulher com cabelos aloirados
sentada numa mesa marron sob um chão rosa desbotado
Segura sua bolsa bege como quem segura um tesouro
mexe e remexe tirando um tórrido cigarro.
O celular, o cigarro ora num cinzeiro ora a mão e a cerveja faziam-lhe companhia.

O vestido vermelho denotava o sentido da sadução
A espectativa
A espera
e eu  mero observador espreitava um momento porpício para o convite fatal.

O frio era cortante
ela estava protegida por uma jaqueta preta
E o seu semblante me encantava, como fosse a última,
a criatura mais pura-mente perversa a ignorar os meus olhares, as minhas intenções...

Confesso ser um louco
e ela uma linda miragem.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Delírios


A tua pele mista tencionei tocar,
Os teus cabelos brancos e em forma de cachos contemplei,
Aquele cheiro de flor invadia minhas narinas.

Tu tomaras três goles de um líquido que mais parecia um doce licor oriundo dos deuses do Olimpo,
lugar de onde vieras.
Deusa mais que amável, eras delicadamente pura
Despertara-me aos fascínios do submundo do prazer.
Já o amor não sei se em ti habitas e não me importo.

Sonhei por dois longos milésimos de segundos afogar-me em teu lago
Lago este nem doce, nem salgado
Límpido e mágico que perturbara minhas noites,
Impedindo-me de entregar-me aos braços de Morfeu  para sonhar belamente com o teu singelo sorriso
Aquela sutil agressão verbal na lascívia de meus tórridos lábios,
envolvendo tua fragilidade em meus braços.

Os teus passos me faziam viajar
e na penumbra da madrugada voava alto
além mar, mergulhando nas tuas profundezas intangíveis.
Escravo do teu jeito angelicalmente demoníaco que me prendia com um olhar visceral.

Eis-me aqui para o teu doce delírio
Livre de rótulos
Sem temer as artimanhas de tuas poções
Aberto aos teus encantos
E puramente teu...
Pronto para ir além das explorações corporais meramente humanas.





sexta-feira, 4 de maio de 2012


Estavam todos preocupados com o resultado, indignados com a falta de comunicação, mas ninguém pôs a cara a tapa, não se moveu uma palha. Por mais de um segundo a utopia deixou de tomar conta de mim. O que imperava era o individualismo. Do outro lado da esquina um morador de rua, na mesa ao lado um grupo de seis pessoas, três mulheres e três homens, entre cervejas e outras bebidas os pensamentos divergiam e vagavam pelo submundo desconhecido de quem está fora daquela mente, seja ele qual fose: oragnizar o dia seguinte,  cuidar da gripe, o romance que vai de mal a pior, as falhas no trabalho, os poucos acertos que são quase imperceptiveis aos olhos dos outros, a chuva que não passa, o pé que dói, a esposa desgostosa e reclamona que o espera em casa, a secretária que acedia o chefe, o carteiro que não passa, o bebe que só chora, o telefone que não para tocar, uma infinidade de situações e coisas, canseira total... Enquanto um deles assoava o nariz, os outros o ignoravam, duas mulheres bem próximas conversavam algo sem fundamento, um cara zapiava o telefone, um outro coçava a barba e um terceiro atendia o celular, outra mulher mexia nos cabelos e não parava de falar, nenhum deles sequer notou que  havia um cão sentado a espreita de uma migalha, assim como o morador de rua do outro lado (esperançoso por uma resto de alimento que lhe saciasse a fome). O locutor observava os dispostos atentamente analisando nas palavras alheias a verdade ignorada. Num sistema de sistemas é você quem tem que mudar.

domingo, 15 de abril de 2012

Cera e dorso

Lágrimas de cera
de noite chega
na solidão a sussurrar
na minha cabeça... de cera

O poeta a falar
que assim imaginou: "nas nuvens do céu o belo rosto de sua amada
tatoado nas costas de um marinheiro"
Que então o dorso passou a admirar.

E sua bela imagem
de mulher
no dorso malhado
a inspirar...
e suspirou
Transpirando fremente de tesão
enquanto seus corpos suados se uniam.



Autoria coletiva: BARSOLI, Felipe; CARVALHO, Raphael; JUNGER, Victor; MATTOS, Josiane; MAYRINK, Claudia; SEIXAS, Michele.

Colaboração: PLÁSTICO, Flor
Especialmente para: DESCOVI, Patrícia.

terça-feira, 10 de abril de 2012

A mesa ao lado.

    Braços entrelaçados num abraço firme e boca no ouvido, observei noutra mesa, entre 8 garrafas de cervejas e dois copos bem servidos. Sorrisos sem graça, ela queria se entregar. Acertou os óculos e pôs-se a ajeitar os cabelos, uma das mãos apoiava-se no queixo com o braço por sobre a mesa, enquanto a outra acariciava o braço dele.
    Noutra posição os olhos se cruzaram num sorriso amarelo e acanhado enquanto ele falava e mexia com os dedos no rosto dela. Um abraço terno e sensual interrompe as palavras e num bejio longo ela se rende aos encantos dele. Ao término do beijo os olhos se encontram silenciosamente atentos às reações, agora é ela quem fala enquanto ele fingindo-se muito atento pôs a mão direita no queixo para dar mais ênfase, mas no fundo admirava os lábios dela, perdendo-se neles com veemencia... um gole na cerveja que estava no copo sobre a mesa de ardósia daquele bar (que mais parecia o ninho de amor e lascívia de ambos) e ele desperta.
    Risos e mais risos aparentemente apaixonantes, as mãos entrelaçaram-se enquanto os assuntos prosseguiam meio sem sentido para ambos. Ele de gola polo cor de rosa salmão, ela de branco com uma pequena flor na lapela e uma calça jeans que fazia mensão em fugir daquele corpo. Gestos e mais gestos se repetiam, o semblante dele cada vez mais romantico (aparentemente), o que poderia estar gritando pelas curvas dela. As feições dela denotavam a mais intensa paixão por todo aquele conjunto idealizado na pessoa dele. Ela enfim se levanta, supostamente para ir ao banheiro e interrompe minhas sagazes observações.

terça-feira, 27 de março de 2012

O lobo que ha em mim.

Num olhar de lobo feroz admirei sua beleza,
Imaginei coisas no meu subconsciente,
às que jamais poderei revelar ou torná-las reais.
São demasiado subversivas para compartilhar.


Esse olhar me remeteu a um delírio sexual,
uma imaginação sem igual.
Nossos corpos se entrelaçavam,
Beijos, sussurros, gemidos em gozos infinitos.

A tua silueta,
o teu corpo,
o teu sorriso,
ahhhhhhhhhhh, essa tua pele
evocavam o meu desejo.

Cada simples gesto
eram como uma fansia
um delírio,
que não passava de uma utopia de desejos sexuais.

Comecei a senti-la nos meus braços,
o sabor de seus beijos,
viajei em suas carícias
ouvia suas súplicas de amor e os sessurros pedindo mais.

Através desse olhar vivenciei cada minuto,
fantasiei,
vivi essa estória.
Estória?
Fantasia?
Ou um simples desejo meramente sexual?
Não sei dizer (respostas não existem)
Sei que quando te vi esse delírio veio a tona,
transformei-me no teu lobo mal,
saciando-me com a tua carne
e querendo possuir o teu ser
Como toda história fantasiosa imaginei-me em você.

Tudo aconteceu através de um simples olhar,
o meu olhar de lobo mal
pronto pra te devorar.



MAYRINK, Claudia
Colaboração: Flor de Plástico







sexta-feira, 23 de março de 2012

Um pouco mais de Lapa.

A festa é verde
Os rostos são encantadoramente jovens
As roupas foram exclusivamente escolhidas  para estar ali
Até que ponto pertenço a essa festa?
Tonto, não de alcóol, mas de questões
às quais somente eu posso respondê-las ou melhor, parar de indagar e observar os dispostos
Não banco o santinho...nem vou tentar ser crítico.

Todas as bebidas,
vinhos semi azedos
Estilos,
estilos os mais diversificados, sempre,
os corpos expostos em roupas que nada mais fazem senão oferecer o conteúdo ainda escondido.

O cara de patins, um outro de skate,
meninos que se abraçam,
Moças que se olham timidamente.
Tudo se mistura nos arcos
o morador de rua é o anfitrião.

Será que já não faço mais parte desse universo de coisas ou passei da época de compartilhar?
Um pouco mais de lapa.
São tantos os rostos sorridentes,
pernas e pés agitados
Um homem de cara pintada,
Nos cabelos spray cor de prata
O som que se ouve é o vermelho.

Todos os seres são encantadores
Aqueles inúmeros pares de pés a sambar,
deixando-se levar pelos batuques, a cuíca, o pandeiro
e os tambores que fazem mover não só os corpos, mas os corações.
E as mulatas quanta beleza,
tão deslumbrantes,
Alucinando todos a sua volta
com sorrisos,
aquela pele naturalmente morena,
os cabelos longos e encaracolados caindo por sobre suas costas
dava mais feminilidade ao teu requebrado.

Não posso descrever a sensação que aquele apito me causava,
e o levantar e arrastar de teus pequeninos pés morena de vestido florido.
Todas as palmas chamavam para a descoberta da alegria do carnaval fora de época,
do viver sentindo a diferença do ficar e de estar constantemente alegre,
com ou sem dinheiro,
do jeito mais carioca de ser
ainda que desajeitado
e tão alucinado, às vezes embreagado,
sendo sincero, amando, curtinho, seguindo a banda pela rua,
atravessando os arcos,
cantando e encantando o Rio maravilha mesmo quando chove.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Os caminhos até a gruta


Quando a lua está cheia Mica ilumina os caminhos
subidas ingrimes
fotografias
registros de momentos únicos.

Grutas escuras
àguas límpidas e perigosas
Sugestões erroneas
diversos caminhos a seguir,
somente um leva-nos a você
lagoa doce,
escura
e fria.

Pena na cabeça
garrafas à mão
saciando a sede
Lodo verde
marcas de patas de cães
libélula cor de rosa no ar.

Coleto pedras
as brancas,
as esverdeadas,
as preciosas.

Explosões,
Implosões,
corrosões não naturais
Repetitivas indagações
em cinco diferentes tímbres
apenas uma importa
Adaptações que a natureza faz ou intervenções humanas demais?

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

A tua fotografia e as minhas memórias

         Hoje encarei teus olhos como há muito não fazia.
      As sobrancelhas bem feitas sob esses olhos ligeiramente entreabertos, sempre muito atentos a tudo. Os lábios carnudos pintados de vermelho paixão, como costumavas declarar. Passeei curiosamente por tua expressão, na pretensão de adivinhar teus pensamentos até o momento daquele flash, que registrara essa imagem para o deleite de outros olhos. A memória é por vezes falha, mas guarda preciosidades. Notei o azul claro e o branco de sua blusa, recordei-me do dia em que a adquiriu, estavas estonteante de alegria, empolgada com o tão esperado encontro da noite seguinte. Incansáveis planos para que tudo corresse bem, por fim escolhera a roupa mais simples, arrumara os cabelos como de costume, o sapato mais confortável e limpo possível, usara os brincos de sempre, no pulso esquerdo aquele relógio herdado de vosso pai e nenhum anel nos dedos. Perfumara-se e na hora marcada, conforme o combinado com seu amado saíra, mas não sem antes me dar um beijo na testa e dizer: "Não vá dormir tarde, minha querida, sabes que tem responsabilidades com teu futuro, logo cedo." Fiz cara de 'nojinho' e retruquei: pode deixar, apenas divirta-se e não se preocupes comigo. Ela saiu sorrindo.
       Há momentos em que minhas memórias se fazem mais nítidas, como película nova e noutros me perco confundindo as histórias. Naqueles olhos muito atentos que encarei depois de tanto tempo estavam o objetivo de Ser e não de Ter. E pela primeira vez em doze anos não senti vontade de chorar (ora, mas que mentira, estou chorando agora), posso sentir teus olhos sobre mim.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Toda areia




Cada grão seja quente ou fresco tem uma história
Todos os informes
Mesmo os mais disformes
Biquínis cor do céu
Água salgada
Ondas que batem
Quase tudo num tom esverdeado.

Fascínio de rostos sorridentes,
ao pular uma onda mais forte
o mar bate violentamente nos corpos
Tens os pés na expectativa de segurar.

Corres de uma ponta a outra
num exercício de pensamentos sujos.
Toda areia, cada corpo feminino, masculino ou ainda menino
sempre tem muito o que dizer.

Aquela estrada quente
Água gelada
Areia viscosa
Tendo sede: coco
Tendo fome: observe os mais famintos e a tua passará.

Tantas vozes,
O vento fresco
O mar cantando
Meu corpo trôpego caindo por sobre teus forte seios, mãe água.

E tudo não passava de um sonho bom
Mas a praia continua lá
Quente e fresca esperando minha visita.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Um trajeto

         Ouvindo os sons dos meus pensamentos (se é que isso é possível), tive a sensação de ouvir a tua voz, tininando repetidas vezes uma frase que contem três palavras, as quais não consigo entender, não alcanço essa necessidade de sentir, mas correspondo a minha maneira. 
        Enquanto o ônibus se mantem parado por mais de10 minutos a vista pela janela não muda, a voz pensante insiste recordar seu timbre ainda sonolenta dizendo que estou linda hoje. E pela manhã meus olhos também lembram de sua expressão facial tão docemente delicada enquanto ainda dormia ao mesmo tempo em que eu a observava, continuo encantada pelo seu jeito meigo, viril e atencioso a todo instante.




quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Filho feio não tem pai, já dizia o ditado.
Procure o responsável encontre-o
E pise nele com sua indiferença.

Tem sido tudo tão artificial, banal e melancólico
Um chorinho ao fundo
Rosto molhado
Não era chuva
Não era o medo
Eram lágrimas de culpa.
Este fusorário descontrolado  afetara a qualidade de tua arte
Julgou ser importante
Foram apenas alguns milésimos de segundo
Sentiu-se inútil
Experiências aparentemente repetitivas
Tornara-se mais responsável pelas palavras trocadas entre bocas e ouvidos.
Tanta poluição sonora para um par de ouvidos
Atordoava-se facilmente

Cansado
Mas cansado de que?
Questionava-se constantemente
Sentia-se vítima do silêncio alheio
Da tua ausência
E adormecera eternamente.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Surto ostensivo

      Inicio de um ano novo, tudo na mesma, nada mudou apenas o amor deu lugar a outras sensações fúteis, mesquinhas e abomináveis. Inúmeras expectativas, nenhuma perspectiva. A razão perdeu a voz, sentimentos de ontem ainda tomam conta dele. Ser homo sapiens é terrível, um misto de nada com coisa alguma... apenas lixo, escória.
     Num rompante de loucura observa dois copos, um quase cheio de remédios e o outro de vodca. A cabeça girando sem fazer qualquer movimento, pendendo sempre para o lado errado e questiona-se, “tomar o conteúdo de ambos os copos e dar lugar as reações de fraqueza e depressão ou ignorar tudo”? Os olhos loucamente fixos nos copos, na foto dela, na garrafa ainda cheia esperando sua decisão. Flores artificiais o encaravam como se pudessem ou quisessem trocar de lugar e fazê-lo deixar de sentir, de existir enquanto humano. No rádio uma música triste; na língua gosto de álcool, nos pés sofreguidão, nos olhos nada (vazios demais pra perceber qualquer intenção positiva vinda de fora do ego) e no peito uma tempestade – num copo de café quase derramando.
      Horas se seguiram desde que adentrara em casa e começa a reter aquelas imagens alucinógenas, por fim decide ler e se envolver noutra história, quem sabe assim se livrasse da própria. Ledo engano eram apenas frases fictícias, mais artificiais que as flores de seu jardim mórbido. Olha-se no espelho e pergunta: “Você ai do outro lado, por acaso sabe por que algumas pessoas cometem suicídio?” e o reflexo lhe responde: “sim eu sei, é bem simples meu amigo, elas são fracas demais e deixam vencer por tão pouco”. Ele fecha o livro e o joga contra o espelho na intenção de apagar de sua memória aquela resposta tão direta e real, resolve dar um fim a toda aquela história que teve início ainda no útero de sua mãe que por pouco não o abortara, pega os copos e violentamente os leva até o banheiro, joga-os na privada e dá descarga. A garrafa de vodca teria um outro destino assim como ele. Voltou ao quarto, desligou o rádio, apagou a luz e abraçou seu cão como se estivesse se despedindo, no chão ao seu lado estavam a garrafa e uma tesoura. Chutou a garrafa contra a parede, o estardalhaço acorda sua irmã que assustada bate a porta de seu quarto, mas ele não abre e o cão não para de latir. Num instante completo silêncio e então o relógio desperta, já era hora dele acordar.

Lascívia

O que me queima por dentro é eliminado nos primeiros ataques,
porque senão mataria-me de dentro pra fora.

Seria o desejo
     a vontade
          o irracional
                o que me leva a loucura
tua sanidade inconstante
       a tua paixão insegura
            ou minha razão evasiva?

Tua boca sempre quente
teu peito tão ardente
         o teu pulsar interno
me chamando a lascívia
           aos prazeres da carne.

A paixão surreal
mais que animal
calhiente e quase doentia
que me leva a loucura
que te deixa quente
passivamente ardente
na espectativa do meu beijo
daquele veneno que te devora
que te entorpece
e me fascina a cada noite.

Prazer em conhecê-la
Mulher
Mulher
calor de ...
Mulher
que me destrói
te causo calafrios
como tequila e limão
sob o sal de tua pele.

Preciso libertar-me de ti,
desse ser que me tornei
Dependente
Viciado.
Quero... mentira,
 na verdade
Acalmar-te em meus braços,
Balançar-te em minha cama
  Abraçar-te
     Amar
        Soltar
           Nunca mais
              Deixar-te paixão
                              Louca,
                                 Louca,
                                   Louca lascívia dos meus delírios.

Retornar-me as profundezas do teu sexo
Quero te agradar,
Agarrar,
Soltar,
Me soltar
Liberdade
Li-ber-da-de.

Amor
    Amor
       Amor
Visceral, humano demais (falho)
Mais que animal
Insaciavel
Na saliva raiva
    Desejeo
         Medo(escondido)
e sede
Muita sede de...
.....
...........
..............
..................
........
...........
.........
SACANAGEM.

Porque o que me queima por dentro é eliminado nos primeiro ataques, exceto você.


Colaboração: Claudia Mayrink Couto