domingo, 11 de setembro de 2011

Desapego



Hoje não estou pra palavras
sem parábolas
sem sonetos
sem cantatas
Não quero palavras
as faladas
as escritas
as cantadas
as em forma de cone
de bonde
de partida
nem de chegada
sem imagem
sem madrugada
Não quero valsas vienenses
permanecer parada
sem movimento
sem dança
nem a valsa do Minuto
nem sua saia rodada
nem um lápis à mão
nem uma estrada à frente
Hoje encontro-me sem palavras
e ainda assim elas insistem em me seguir
a passos trôpegos
a passos largos estranhamente envoltos n'algo sem nome
sem passado
sem pleitear o futuro
sou presente
teu presente
mesmo que ausente daquilo que deixou de ser
num dia chuvoso
num canto qualquer de um cômodo comum
da casa vizinha
vazia por dentro
sorrindo por fora.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

 https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhh2s5eQz6xY5qegd4hiBBrrVt7Qz31JZMLh0kzFDcduWEYb_SJDy377aYSNkWJUCIO3vMZBVTzTFeznl3dcBCaaHECTPLpnaawlXRXQTKnADPsF2b4nE8iJUyAohHiZp32m7hHz_S7-1w/s320/Sadness_by_joiM%5B1%5D.jpg

Sotaque encantador
Língua devastadora
Suas palavras soam como música
És atriz do meu palco
Gestos inebriantes
Desconheço teu rosto
O foco de luz não me permite ver
O ensaio corre,
você descorre com tanta leveza
Numa cadeira ao fundo da sala te observo
A orquestra eletônica preenche a distancia
Teu nome não sei


Elocubrei maneiras para aproximar-me
Alguns instantes de devaneios eróticos
e o teu corpo toquei
A tua face vislumbrei
Mais que um simples beijo desejei
Encontrava-me no palco ao lado teu
encenando o mais terrível dos contos
o conto dos encontros sonhados...os que nunca acontecem

Num súbito rompante algo me despertou
Teu suor
Tua pele
Tua língua afiada
Uma espada cravada no peito
Aquelas, as outras, os sujeitos, os apelos
os apegos, os afagos, as muralhas vencidas
E os medos superados...
Tudo não passara de um  pesadelo dentro de um sonho bom.