sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Um trajeto

         Ouvindo os sons dos meus pensamentos (se é que isso é possível), tive a sensação de ouvir a tua voz, tininando repetidas vezes uma frase que contem três palavras, as quais não consigo entender, não alcanço essa necessidade de sentir, mas correspondo a minha maneira. 
        Enquanto o ônibus se mantem parado por mais de10 minutos a vista pela janela não muda, a voz pensante insiste recordar seu timbre ainda sonolenta dizendo que estou linda hoje. E pela manhã meus olhos também lembram de sua expressão facial tão docemente delicada enquanto ainda dormia ao mesmo tempo em que eu a observava, continuo encantada pelo seu jeito meigo, viril e atencioso a todo instante.




quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Filho feio não tem pai, já dizia o ditado.
Procure o responsável encontre-o
E pise nele com sua indiferença.

Tem sido tudo tão artificial, banal e melancólico
Um chorinho ao fundo
Rosto molhado
Não era chuva
Não era o medo
Eram lágrimas de culpa.
Este fusorário descontrolado  afetara a qualidade de tua arte
Julgou ser importante
Foram apenas alguns milésimos de segundo
Sentiu-se inútil
Experiências aparentemente repetitivas
Tornara-se mais responsável pelas palavras trocadas entre bocas e ouvidos.
Tanta poluição sonora para um par de ouvidos
Atordoava-se facilmente

Cansado
Mas cansado de que?
Questionava-se constantemente
Sentia-se vítima do silêncio alheio
Da tua ausência
E adormecera eternamente.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Surto ostensivo

      Inicio de um ano novo, tudo na mesma, nada mudou apenas o amor deu lugar a outras sensações fúteis, mesquinhas e abomináveis. Inúmeras expectativas, nenhuma perspectiva. A razão perdeu a voz, sentimentos de ontem ainda tomam conta dele. Ser homo sapiens é terrível, um misto de nada com coisa alguma... apenas lixo, escória.
     Num rompante de loucura observa dois copos, um quase cheio de remédios e o outro de vodca. A cabeça girando sem fazer qualquer movimento, pendendo sempre para o lado errado e questiona-se, “tomar o conteúdo de ambos os copos e dar lugar as reações de fraqueza e depressão ou ignorar tudo”? Os olhos loucamente fixos nos copos, na foto dela, na garrafa ainda cheia esperando sua decisão. Flores artificiais o encaravam como se pudessem ou quisessem trocar de lugar e fazê-lo deixar de sentir, de existir enquanto humano. No rádio uma música triste; na língua gosto de álcool, nos pés sofreguidão, nos olhos nada (vazios demais pra perceber qualquer intenção positiva vinda de fora do ego) e no peito uma tempestade – num copo de café quase derramando.
      Horas se seguiram desde que adentrara em casa e começa a reter aquelas imagens alucinógenas, por fim decide ler e se envolver noutra história, quem sabe assim se livrasse da própria. Ledo engano eram apenas frases fictícias, mais artificiais que as flores de seu jardim mórbido. Olha-se no espelho e pergunta: “Você ai do outro lado, por acaso sabe por que algumas pessoas cometem suicídio?” e o reflexo lhe responde: “sim eu sei, é bem simples meu amigo, elas são fracas demais e deixam vencer por tão pouco”. Ele fecha o livro e o joga contra o espelho na intenção de apagar de sua memória aquela resposta tão direta e real, resolve dar um fim a toda aquela história que teve início ainda no útero de sua mãe que por pouco não o abortara, pega os copos e violentamente os leva até o banheiro, joga-os na privada e dá descarga. A garrafa de vodca teria um outro destino assim como ele. Voltou ao quarto, desligou o rádio, apagou a luz e abraçou seu cão como se estivesse se despedindo, no chão ao seu lado estavam a garrafa e uma tesoura. Chutou a garrafa contra a parede, o estardalhaço acorda sua irmã que assustada bate a porta de seu quarto, mas ele não abre e o cão não para de latir. Num instante completo silêncio e então o relógio desperta, já era hora dele acordar.

Lascívia

O que me queima por dentro é eliminado nos primeiros ataques,
porque senão mataria-me de dentro pra fora.

Seria o desejo
     a vontade
          o irracional
                o que me leva a loucura
tua sanidade inconstante
       a tua paixão insegura
            ou minha razão evasiva?

Tua boca sempre quente
teu peito tão ardente
         o teu pulsar interno
me chamando a lascívia
           aos prazeres da carne.

A paixão surreal
mais que animal
calhiente e quase doentia
que me leva a loucura
que te deixa quente
passivamente ardente
na espectativa do meu beijo
daquele veneno que te devora
que te entorpece
e me fascina a cada noite.

Prazer em conhecê-la
Mulher
Mulher
calor de ...
Mulher
que me destrói
te causo calafrios
como tequila e limão
sob o sal de tua pele.

Preciso libertar-me de ti,
desse ser que me tornei
Dependente
Viciado.
Quero... mentira,
 na verdade
Acalmar-te em meus braços,
Balançar-te em minha cama
  Abraçar-te
     Amar
        Soltar
           Nunca mais
              Deixar-te paixão
                              Louca,
                                 Louca,
                                   Louca lascívia dos meus delírios.

Retornar-me as profundezas do teu sexo
Quero te agradar,
Agarrar,
Soltar,
Me soltar
Liberdade
Li-ber-da-de.

Amor
    Amor
       Amor
Visceral, humano demais (falho)
Mais que animal
Insaciavel
Na saliva raiva
    Desejeo
         Medo(escondido)
e sede
Muita sede de...
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SACANAGEM.

Porque o que me queima por dentro é eliminado nos primeiro ataques, exceto você.


Colaboração: Claudia Mayrink Couto